SAUDAÇÃO
Não sei se comes peixes se não comes,
Irmão poeta Guarda-Rios.
Sei que tens céu nas asas e consomes
A força delas a guardar os rios.
É que os rios são água em mocidade
Que quer correr o mundo e conhecer;
E é preciso guardar-lhe a tenra idade,
Que a não venham beber...
Ave com penas de quem guarda um sonho
Líquido fresco, doce:
No meu livro te ponho,
E eu no teu rio fosse...
Miguel Torga, in
Diário II, Barril de Alva, 28 de Setembro de 1942
*
"Pelos caminhos de Torga"
Passados 20 anos do
falecimento do escritor Miguel Torga, a sua passagem por Arganil não foi
esquecida tendo-se realizado no passado sábado o evento “Em Arganil pelos
caminhos de Torga”.
Sob a égide do Prof.
Doutor Carlos Carranca e com a participação da Escola Profissional de Teatro de
Cascais, foi possível aos participantes vivenciarem alguns dos episódios da
obra do escritor.
O percurso teve
início em Santa Clara-Coja, passando pelo Barril
do Alva, Vila Cova,
Piódão, Cepos e por fim Arganil.
Na sede do Concelho,
Miguel Torga foi invocado em frente ao Cine-teatro Alves Coelho, recordado
junto do espólio do seu gabinete no Hospital Condessa das Canas e dramatizado
na Mata das Misericórdias com a obra “Os Bichos”.
A sessão de
encerramento teve lugar no Salão Nobre da Misericórdia, contando com a presença
dos representantes do Município e com o presidente da Associação dos Amigos da
Serra do Açor, Eng. Fernando Vale, que disse “Era indissociável ao falar-se de
Torga, não nos recordarmos do seu amigo de longa data, Fernando Vale”.
(Santa Casa da
Misericórdia de Arganil)
Barril de Alva, 23 de maio de 2015
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