.. .ilustro a sarabanda das palavras com o
"meu carrinho de bois"
Era uma quinta enorme, com terreno de cultivo bordejado de macieiras e, à beira do caminho, uma casa de arrumos. Quando acompanhava a mãe, depois da escola, era aí que guardava os meus brinquedos favoritos: construções de corcódea. A última, uma miniatura de um carro de bois...
Em fevereiro as terras estavam de pousio...
Sem grandes quereres nos meus doze anos, um mês depois do adeus a Lisboa, o navio onde embarcara chegou a Lourenço Marques...
A cidade prendeu-me nos seus encantos - ainda morro de amores por ela!
Um dia, homem feito, regressei ao meu sítio e à quinta, de visita, para procurar o meu carrinho de corcódea com duas rodas minúsculas e umas figurinhas que em nada se assemelhavam a animais de carga, sem chifres. Tinha a certeza de que o deixara numa prateleira, ao alcance da mão...
Da casa sobram duas meias paredes e, aberta numa delas, a prateleira "guarda a alma" do meu brinquedo.
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Excerto de uma croniqueta publicada em 2009
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