terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Férias - a emoção de ter inveja

Escreve o escritor Rui Zink: “…Calar uma emoção tão salutar como a inveja, que é o desejo de estar melhor (e não necessariamente o desejo de o outro estar pior), leva a quê? Ao sufoco, à castração emocional…” – uff, nem mais!
A partir deste “elogio”, alguém se atreve a condenar uma das minhas invejas, por mais pequenina que seja?
Uma delas, perfeitamente assumida, sobre viagens e passeios dos meus amigos, não incomoda ninguém, apesar de tudo, e como não faço uso da dita, fico-me pelas raivinhas, igualmente invejosas e assumidas.
A minha inveja é proporcional à qualidade imaginária das férias, isto é: se o destino foi a Figueira da Foz, vá que não vá; Algarve, eriçam-se os cabelos; se foram de abalada até Punta Cana e arredores, começo a ficar vermelho, mas quando me chegam notícias da velha Europa, do tipo: “olá, por aqui está tudo bem, estou a jantar em Varsóvia (…), a passear por Riga (capital da Letónia, imaginem!) …”etc e tal, chispo labaredas!
O  que me "corrói as entranhas" é o gozo com que os meus amigos ostentam o tom moreno trazido da praia – praia, para mim, é uma chatice: areia em demasia, água salgada, ondas revoltas, sol, muito sol… calor! Praia de jeito, com o mar á vista, é a que tem esplanadas longe da  areia, mesas e cadeiras confortáveis, cervejinhas bem frescas, e, já agora, uns camarões grelhados para desenjoar da bebida.
Se houver mar calmo e o reflexo da lua trouxer o romantismo de companhia agradável, tanto melhor.

Nunca mais é verão...
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Excerto de uma croniqueta com o mesmo título, publicada em setembro de 2010

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