Escreve o escritor Rui Zink: “…Calar uma emoção tão salutar como
a inveja, que é o desejo de estar melhor (e não necessariamente o desejo de o
outro estar pior), leva a quê? Ao sufoco, à castração emocional…” – uff,
nem mais!
A partir deste “elogio”, alguém
se atreve a condenar uma das minhas invejas, por mais pequenina que seja?
Uma delas, perfeitamente
assumida, sobre viagens e passeios dos meus amigos, não incomoda ninguém,
apesar de tudo, e como não faço uso da dita, fico-me pelas raivinhas,
igualmente invejosas e assumidas.
A minha inveja
é proporcional à qualidade imaginária das férias, isto é: se o
destino foi a Figueira da Foz, vá que não vá; Algarve, eriçam-se os cabelos; se
foram de abalada até Punta Cana e arredores, começo a ficar vermelho, mas
quando me chegam notícias da velha Europa, do tipo: “olá, por aqui está tudo
bem, estou a jantar em Varsóvia (…), a passear por Riga (capital da Letónia,
imaginem!) …”etc e tal, chispo labaredas!
O que me "corrói as
entranhas" é o gozo com que os meus amigos ostentam o tom moreno trazido
da praia – praia, para mim, é uma chatice: areia em demasia, água salgada,
ondas revoltas, sol, muito sol… calor! Praia de jeito, com o mar á vista, é a
que tem esplanadas longe da areia, mesas e cadeiras confortáveis,
cervejinhas bem frescas, e, já agora, uns camarões grelhados para desenjoar da
bebida.
Se houver mar calmo e o reflexo
da lua trouxer o romantismo de companhia agradável, tanto melhor.
Nunca
mais é verão...
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Excerto de uma croniqueta com o mesmo título, publicada em setembro de 2010
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