segunda-feira, 6 de outubro de 2025

A última Junta



A equipa que liderei na Freguesia do Barril de Alva nos últimos quatro anos da sua existência (2009/2013) deixou obra feita, como é (ainda?) reconhecido pelo povo da minha terra, “…exemplo a ser seguido…” por autarquias de dimensão semelhante, como acentuou, na época, o presidente da Câmara Municipal de Arganil durante um encontro de contexto institucional.
A força da vontade de “fazer mais e melhor”, o espírito criativo do executivo, a plena entrega à causa pública, a liderança honesta e serena, eram os condimentos essenciais para lutar – como lutámos! – pela manutenção da Freguesia do Barril de Alva.
O sonho de, pelo menos, cumprirmos mais um mandato desfez-se como bola se sabão, ficando pela metade a construção do harmonioso jardim, planeado com régua e esquadro, concretamente:

- o aproveitamento da casa dos professores da escola, transformando-a em dois apartamentos de razoáveis dimensões, a continuidade da escolinha “Caracol ao Sol”, o acrescento de mais valias à Área de Serviço para Autocaravanas (reconhecida internacionalmente como das mais bonitas do país, pela estética e localização), a recuperação do campo de jogos da Associação Desportiva, Recreativa e Cultural Barrilense, legalização do projeto de loteamento de um terreno urbano, etc, etc.
“Um jardim sem flores não existe”: foram plantadas dezenas de árvores, roseiras e outras plantas de pequeno porte… e não faltava espaço e vontade para continuar a alindar e enriquecer o “jardim”!

E havia um plano para fazer da zona de banhos, junto à ponte, uma das melhores praias fluviais da região com a “simples mudança“ da roda de alcatruzes da margem esquerda para a outra margem, aproveitando a queda das águas para alimentar uma piscina de água corrente, a edificar no local onde existia um campinho de jogos!

Já nessa altura, a grande preocupação do executivo estava relacionada com a falta de eleitores residentes. Sem outras (?) possibilidades de atrair pessoas, o Turismo de qualidade era a nossa aposta consciente.
… E borbulhavam OUTRAS ideias na minha mente, do João Gouveia e do Constantino Moura, “tão grandes como o tamanho da minha aldeia”, que é tão grande como outra terra qualquer" – Alberto Caeiro.
*
A poucos dias das eleições autárquicas, o pregão das médias, grandes ou pequenas obras é um dado comum nas ideias de quem as tem. Amigos meus, residentes na sede da freguesia, entre sorrisos, “brincam” com a minha aldeia:
- Ah, o Barril de Alva é um dormitório de Coja!
- Antes fosse, digo eu, era sinal que usavam o nosso código postal e tinham o nome próprio a seguir ao ítem ... local da residência:
- BARRIL DE ALVA!

(… Com a “intervenção dos bons ofícios” da Santa Maria Madalena, Santo Aleixo, S. Simão e de mais eleitores, talvez um dia possamos erguer de novo a voz da autonomia administrativa. Quem sabe?).

Calbertoramos

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Uma cruz num “quadrado mágico”



Fernando Vale: 
“Quem faz o que pode,
faz o que deve”…

Eleições à porta - a aldeia do Barril de Alva, pelo facto de ter ficado sem a sua independência administrativa, não é alheia ao momento histórico de um tempo onde, ao que parece, o povo a  que pertenço se ausenta da sua responsabilidade participativa nos atos eleitorais com a consciência aparentemente tranquila. E se ela, a consciência, tem laivos de rebeldia por algum tipo de descontentamento, é “moda” mudar do “certo para o incerto”.

Sem mais delongas: importo-me com o meu concelho e, naturalmente, com a minha freguesia. Tudo o que vier por bem - dos projetos das ideias à competência dos candidatos - mesmo assim, justifica ponderação de quem tem a obrigação cívica de colocar a preceito uma cruz num “quadrado mágico”. Esse é o momento solene para “apostar no certo” e abandonar a ideia peregrina de que, desta vez, com desdém, se “mandam às malvas” os valores democráticos que sustentam o País que somos.

Por mim, sigo os ensinamentos de Fernando Vale: “Quem faz o que pode, faz o que deve”…


sexta-feira, 5 de setembro de 2025

“O meu desejo de ser útil é inabalável”




Há um tempo para andar de braço dado com a utilidade do bem-fazer junto da comunidade a que pertencemos; quando o intelecto e as forças dão sinal de fraqueza, o melhor mesmo é manter o espírito solidário e disponibilizar algum do conhecimento adquirido ao longo de uma vida sempre que para tal for solicitado.
O meu desejo de ser útil à terra onde nasci, Barril de Alva, e à terra (Coja) que me “adotou como filho”, segundo “decisão sentimental” pública do falecido padre António Dinis em fevereiro de 1982, permanece inabalável.
Depois de recusar outra distinção na lista, aceitei o honroso convite para ocupar o último lugar na candidatura do Partido Socialista à União de Freguesias de Coja e Barril de Alva, assumindo a minha posição solidária e fraterna perante a equipa liderada pelo Jorge Paulo Amaral, a quem perspetivo uma vitória sem rodeios.
Acredito na dedicação e no trabalho de TODOS ao serviço da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva, de acordo com o grau de qualidade e competências de cada membro.
- O que não falta no nosso território é trabalho!

Carlos Alberto Ramos

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Um guardanapo como recordação

 

Lembrança da F.A.V.A.

Na passada sexta-feira, durante o espetáculo da F.A.V.A,, em Coja, o público aderiu ao serão em grande número. O estilo do concerto não “pedia” lugares sentados, mas havia algumas mesas corridas com bancos, cobiçadas pelos espectadores; eu, a Lurdes e mais uns amigos ocupámos uma…
Enquanto as “imperiais” não chegavam, corri o olhar pelo Prado e prestei atenção à mesa, onde estava um papel branco - era um guardanapo, que desdobrei com cuidado, por sorte minha, de outro modo não teria ficado encantado com a minúcia dos pequenos desenhos, obra de alguém dotado com talento e imaginação, a quem teria gostado de parabenizar pela sua arte.
A pequena “tela” veio enriquecer o meu arquivo de recordações semelhantes, alguns da autoria do meu fraterno amigo Carlos da Capela, da Benfeita, do Roby Amorim, antigo colega dos jornais, e de outras personalidades da mesma área com quem tive a honra de privar.

terça-feira, 22 de julho de 2025

Memórias da "Sibéria"

 

Cervejaria Sibéria - rua do Porto, Lourenço Marques

Em 1962, além de estudar (colégio Marques Agostinho / Camões?) e dos primeiros passos como vitrinista na Casa Vilaça, joguei futebol nos juniores do Sport Lourenço Marques e Benfica. Nos fins-de-semana e tempos extra, havia a J.O.C. da Malhangalene (Juventude Operária Católica) e “OS METRALHAS” (espécie de clube “só” de rapazes ).
À “mão de semear”, na Rua do Porto, havia a Cervejaria Sibéria, onde eu e alguns amigos do bairro confraternizávamos ao redor da mesa com “Laurentinas”, Catembes, Tricofaites” e outras especialidades sem álcool, como os refrigerantes “Tombazana”, Ginger Ale, Coca Cola – água pouco, ou nada.
A casa onde morava ficava virada para a Mercearia Cordeiro, à distância de poucos metros da “Sibéria”.
Guardo memórias desse tempo, mas o grande “marco histórico” de 1962 (e dos convívios na “Sibéria”!) foi a vitória do Benfica sobre o Real Madrid por 5 -3! Pela segunda vez o “nosso” Benfica era campeão europeu!!!
Nesse dia, não havendo TV,  "vimos o jogo" através do relato da Enissora Nacional, muito bem acompanhados por  "loirinhas"  fresquinhas! 

 Estádio Olímpico de Amsterdão,na Holanda - 2 de Maio de 1962. 
Benfica,5 - Real Madrid, 3


Curiosidade
Na fachada do edifício da “Sibéria” existiam uns pequenos desenhos (?) alusivos aos profissionais da construção civil; depois do regresso à terra natal em 1975, tive a honra de conviver com o Dr, Fernando Vale, Maçom e fundador do Partido Socialista, o que me levou a uma “viagem” voluntária pelos caminhos dos Pedreiros Livres, termo que se refere à Maçonaria. 
Continuo na dúvida sobre os “desenhos” da Cervejaria “Sibéria” … 
O edifício da Escola Industrial de Lourenço Marques, em tempos idos, "(...) foi o maior templo maçónico em todo o espaço português e um dos maiores no Sul de África – é o que diz da História.


O tempo de todos os sonhos



terça-feira, 15 de julho de 2025

Um "fato novo"



Visitei o histórico de um blog moribundo e recuperei um texto sobre o Urtigal – coisas do meu agrado (tudo o que leio e escrevo sobre o Barril de Alva são “coisas” do meu agrado…).
Na altura, rematei a peça original com uma ideia poética e agora, depois de reler, ponderei se devia acrescentar mais umas linhas no mesmo estilo. Como a inspiração não abunda nesta tarde de terça-feira, pensei experimentar um “fato novo”, semelhante a outros em voga nos tempos de agora: cliquei na IA da Google e colei a tal “coisa do meu agrado”:

Junto da bica água cristalina
à corrente a caminho do Mondego
e faço do olhar mirante da paisagem
- como é belo o Urtigal !
 
“Gentilmente”, pedi a “alguém do outro lado” que completasse o texto. Segundos depois, “ofereceram-me” um poema catita, que segue, com a devida vénia ao “autor”:

Na sombra, junto à bica,
água cristalina escorre,
um murmúrio que me toca,
paz que a alma me socorre.
À corrente do Alva, ligeira,
sigo o curso, em pensamentos,
a caminho do Mondego.
E faço do olhar mirante fiel,
testemunha da beleza infinda
- um doce mel,
onde a vista se deleita e finda.
Ah, como é belo o Urtigal,
com seu verde que irradia,
um recanto quase irreal,
onde a natureza nos guia.

E é isto.
O "fato novo" não foi feito à minha medida... mas "serve-me"! Se o futuro é “isto”… quem sou eu para “contestar”? 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Natália - a flor...


 A planta estava moribunda num canto do jardim quando a encontrei. Era a única espécie  que restava do tempo da mãe Natália, que  tinha imensa “sorte” com as flores – era o que eu pensava: bastava um pequeno galho espetado num vaso e, era certo, daí a uns tempos o vaso ganhava outra vida,  mais colorida…


Como não tenho a mesma “sorte” da mãe Natália, levei anos (!!!) a recuperar esta plantinha –  repousar  o olhar nas florinhas amarelas era uma “necessidade”  emocional.

Ontem aconteceu o “milagre das flores” e a mãe Natália “era uma delas”…


quinta-feira, 3 de julho de 2025

- Dê aí uns rebuçados aos miúdos, depois pago…





Além do “Chiado” e do Talho Quaresma, a comunidade do Barril de Alva tinha à disposição outros estabelecimentos comerciais: a taberna do “ti Zé” Candosa, a mercearia do Coelho, os serviços do barbeiro António do Vale (regedor da terra), do tamanqueiro "ti" Albano e de um ferreiro.
Naquele tempo, além da indústria de madeiras, no Barril de Alva havia uma fábrica de bolos secos, propriedade de Joaquim Trindade, duas padarias e o João Abrantes dedicava-se ao fabrico de bonecos de papelão, utilizando moldes próprios.



Um outro espaço comercial, com negócio multifacetado, ao estilo do Chiado, pertencia ao José Valentim, pessoa de muitos saberes e ocupações - além do exercício da sua profissão, era membro ativo dos corpos sociais da Filarmónica e correspondente de jornais.
Junto ao seu estabelecimento,  no outro lado da rua, nos dias de folga jogava-se à “malha”. Os bancos da “esplanada” que se destacam na imagem, ficaram mais baixos depois dos vários arranjos na “avenida” mas, se “falassem”, contavam estórias sem fim, a condizer com a alegria de acertar com a malha no “fito” e dos copos do “tinto” do pipo, que tinha um torneia “sonora”:
-“Cherrrrrrrrrrrriii…”
Eu e outras crianças, da “esplanada”, apreciávamos o entretenimento dos homens.
Às vezes, um jogador pedia ao senhor José Valentim:
- Dê aí uns rebuçados aos miúdos, depois pago…





terça-feira, 10 de junho de 2025

Quando o Largo do Minho era o “coração” da Malhangalene

Largo do Minho - foto retirada da internet
com a devida vénia



A cidade de Lourenço Marques, traçada com mestria a régua e esquadro, cresceu de forma ordenada; cada bairro tinha características específicas, como era o caso da Malhangalene, que se destacava de todos os outros pela dinâmica associativa de várias coletividades, com realce para o Clube que lhe emprestou o nome.
O Largo do Minho, para os mais novos, pelo parque infantil, era o “coração” do bairro e ponto de encontro dos adolescentes, principalmente dos que dispunham das populares motorizadas da marca “ONDA 50”.
Naturalmente, as meninas mais crescidas e bonitas  que moravam no Bairro (e arredores) "atraiam" os galanteadores… motorizados. Que eram muitos e barulhentos!
 
*
 
Estávamos em 1961/2. Aulas durante a semana, ao domingo frequentava a JOC, ia à Missa e, de vez em quando, treinava futebol no 1º de Maio - não era o “meu” Benfica – aconteceu mais tarde – mas como vestiam camisola vermelha, era como se fosse…
Certo dia, no Largo do Minho, conheci a Amélia. Era maneirinha, alegre, de rosto bonito e sorriso contagiante. Morava com os pais no rés-do-chão de uma vivenda no começo da Rua da Guarda, e no primeiro andar, residia a família do Carlos Silva "Canguru", que tocava bateria e foi elemento de destaque dos "meus" Night Stars .
Durante uns tempos "passava" pela Rua da Guarda com mais frequência. A pretexto dos ensaios do meu novo amigo Carlos, fazia “olhinhos” à simpática Amélia - ela do lado de dentro do quintal, os amigos no lado de fora, no passeio; as conversas de ocasião eram puro entretenimento e eu, confesso, tentava disfarçar a minha leve paixoneta…
Como a memória não dá para mais, recordo o meu “desgosto” quando soube que a “minha quase/paixão” namoriscava um jogador de hóquei do Malhangalene, a quem tratavam por “Catrapaz”!

(Uff... um jogador de hóquei em patins usa um “stick” no jogo! Nas mãos de um namorado ciumento pode ser uma autêntica “arma de arremesso”!)
...
-Ainda bem que não me atrevi a entregar à Amélia um cartão com uns certos dizeres, ao estilo do “Namoro”, poema de Viriato da Cruz “ com música de Sérgio Godinho:

“(…) Mandei-lhe um cartão
que o Maninjo tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou (…)"

Certamente a Amélia também dobrava o canto do “NÃO” - e o “Catrapaz” ? Pois... exsitia mesmo?

*****

Night Stars 
Bob, Mário Ferreira, Noel Cardoso,
Alexandre Rodrigues e Carlos Silva


quarta-feira, 28 de maio de 2025

VICTOCALIS, como sempre


Coja, é a “cidade” mais próxima
da minha bonita e harmoniosa terra natal
– está à “distância das nossas mãos”,
como a Lurdes reconhece pelas contantes idas e vindas…

A grande referência de Coja, de quando eu era criança, é a “HAVANEZA” e os aromas a café a puxarem ao (meu) vício, não naquele espaço de tempo, mas anos mais tarde – dias houve em que, pausadamente, saboreava oito, dez, bicas…
- Sinto-me muito bem perto das pessoas com quem tenho afinidades de vária ordem, residentes na “capital” da União de Freguesias de Coja e Barril de Alva.
*
O introito desta estória remete-me aos anos setenta, pós África.

A novidade do mapa promove o espaço, o concelho 
e a região

Pelas minhas contas, desde 1976, “VICTOCALIS” é uma marca das minhas memórias.
A amizade com o Jorge Calinas deve ter assentado arraiais por essa altura, a ponto de propagandear, fosse lá onde fosse, que o estabelecimento “VICTOCALIS” ficava bem em qualquer metrópole, graças à delicada e agradável atmosfera estética com que o Jorge decorava os seus espaços comerciais.
Eu, que sou dos “vermelhos” nos gostos clubísticos, “aguentei” as nuances dos verdes da “VICTOCALIS” com espírito “desportivo” – o Jorge, além de amigo, era “o dono da bola”!

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades (…)” – escreveu Camões.

Na estória que me trouxe aqui, as vontades (do Jorge) não mudaram:
- Ele, o Jorge, continua a ser o “dono da bola”, com os mesmos “vícios esverdeados”, e eu continuo a defender a tese de que este café "VICTOCALIS” fica bem em qualquer metrópole – tal a delicada e agradável atmosfera estética com que o meu amigo continua a “encenar” os seus espaços comerciais.
Obviamente, permaneço “vermelho” nos gostos clubísticos e amigo do Jorge Calinas.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

O "melhor 25 de Abril de sempre"

 




O "melhor 25 de Abril de sempre" aconteceu na minha amada terra natal no ano de 2010 graças ao empenho de um grupo de jovens na descoberta da "Pedra Filosofal", (...)uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer (...) - António Gedeão. 

Que o "sonho" permaneça vivo em todos nós - agora e sempre...


sábado, 5 de abril de 2025

“Os Metralhas” - a verdadeira história de um sonho

 


 No Bairro da Malhangalene, em Lourenço Marques, aquele tempo das ”loucas” paixões musicais dos anos sessenta fez de muitos adolescentes verdadeiros artífices  na “arte de sonhar”, seguindo determinados mestres, como Hank Marvin,  solista  dos Shadows, John Lennon e Paul McCartney, dos Beatles, Mick Jagger dos Rolling Stones… e muitos outros, como o “rei” Elvis Presley, e a “especial” adolescente irrequieta que dava pelo nome de Joan Baez,..

Lourenço Marques vibrava com os "CORSÁRIOS" e os "NIGHT STARS", grupos com elementos talentosos e populares na juventude laurentina – a minha preferência ia direitinha para as “estrelas da noite” Mário Ferreira, na guitarra,  Carlos “Canguru”, na bateria,  e para a voz  do fantástico Bob Woodstock – o "Chubby Checker moçambicano"!

É neste “mundo maravilhoso” que alguns sonhadores, mas “bons rapazes”, bem diferentes no porte e nas ideias dos populares Irmãos Metralhas dos desenhos aos quadradinhos, batizam com o mesmo nome dos “malandros” da banda desenhada o seu recém-criado conjunto musical. Nasciam os  “METRALHAS”!

O grupo dos "aspirantes" a músicos era composto por “Vítor Moreira (viola baixo),Vítor Saúde (viola solo), Palhota (viola ritmo), Galinha (bateria) e Baião (vocalista), mas nunca concretizado  - apenas as violas foram parcialmente fabricadas na carpintaria da Escola Industrial pelo Castanheira. Mais tarde, a sede dos METRALHAS foi inaugurada na garagem da casa do Vítor Saúde” – texto retirado da página do  facebook,  que os saudosistas  mantêm viva, embora desatualizada,  fruto das contingências da vida.

Inauguração da sede dos "METRALHAS"

Enquanto grupo de jovens músicos, nada mais a acresecntar: "morto à nascença", os amigos METRALHAS peremeneceram fieis ao sentimento dos afetos e, cada um por si, 
 passou a tocar outras músicas. 
METRALHAS  UMA VEZ, METRALHAS PARA SEMPRE

O que me aproximou deste “grupo de bons rapazes” foi uma morena de olhos azuis com nome “italianizado”, vizinha dos irmãos Zeca e Galinha, do Vítor Saúde, do João, da Cuca e da Anabela Cordeiro, que era uma “miúda muito gira”, mas pouco dada a conversas. A bem dizer, tocar um instrumento musical nunca foi o meu forte, daí a minha ausência da essência dos “METRALHAS”, mas não da parte social dos elementos do grupo que continuam “na viagem”, como o João de Sousa, Henrique Batista, Vítor Moreira…

A saudade dos que “partiram para parte incerta” faz parte das nossas conversas durante ocasionais mas gratificantes convívios familiares. Se tudo correr como previsto, em Maio próximo será o terceiro encontro dos “METRALHAS” na Beira Serra, zona da minha residência.

Revisitar o Piódão e a Fraga da Pena, conhecer a cidadela romana da Bobadela (Oliveira do Hospital), a milenar Igreja Moçárabe de Lourosa e o  Santuário de Nossa Senhora das Preces  (Aldeia das Dez), tomar o pequeno - almoço na Praça da “Princesa do Alva (Coja) e “descobrir” a história da minha aldeia através de uma visita à Casa/Museu do Barril  de Alva  (que já entrava no cadastro da população do Reino de 1527 e foi a terra natal dos Fundadores dos Grandes Armazéns do Chiado, em Lisboa), além do deslumbre das vistas  da Serra do Açor… haverá “melhor programa” para  oferecer aos meus irmãos do coração?

 


Os "METRALHAS" e respetivas familias na Beira Serra 
A imagem dos  "cokuanas" (homens) recorda  a visita /surpresa de alguns de nós ao Zeca
no seu aniversário,  em Santarém

quarta-feira, 12 de março de 2025

Malhangalene e Barril de Alva juntos na mesma "Marcha"




Com a devida vénia, respigo do “ponto de encontro” do site BigSlam.pt excertos de  um excelente trabalho histórico produzido pelo jornalista moçambicano João de Sousa,  já falecido,  publicada em outubro de 2020, a começar pela assunção das mudanças no “nosso” Bairro:

 - “Verdade seja dita que a Malhangalene do meu tempo não é a Malhangalene de hoje. Nem podia ser. O tempo passa. As coisas mudam… “.

 No  texto, o jornalista  relata factos históricos de reconhecido interesse, e refere outros perdidos no tempo, de curta duração,  como a participação do Bairro num concurso de marchas populares, realizado pelo Rádio Clube de Moçambique no ano de 1945. Para a posteridade ficou a Marcha da Malhangalene, com letra de Ana Paula, musicada por Ramos Pinto.

 Como adiante se verá, A MARCHA DA MALHANGALENE “tem o seu quê de bairrista” :

“Malhangalene bonita / De graça humilde e modesta / Com o teu vestido de chita / Também hás de entrar na festa…” 

 Refrão

 “Esta marcha vai /Na rua a passar/ Na Malhangalene / Toda a gente sai /P’ra a ouvir cantar…/Vamos rapariga /Que a tua cantiga / É que vai ganhar! / Toda a gente canta / E a todos encanta  / Porque é popular

Tanto na rua de baixo / Como na rua de cima / Toda a gente se conhece / Toda gente se estima / E se alguém te quiser mal / Não tens nada que temer / Tens cá a Rua da Guarda / Que te há-de defender”

 “Se querem saber quem és / Podes dizer com vaidade / És o bairro mais bairrista / Que existe cá na cidade”.

 Por estranho (?) que possa parecer, em Portugal existe uma outra “marcha” semelhante – refiro-me à Marcha do Barril de Alva, aldeia onde nasci, no concelho de Arganil.

Como consta de um documento oficial, (…) esta aldeia ignorada já entrava no cadastro da população de 1527 com a sua dezena de habitantes (…)! – Dr Alberto Martins de Carvalho.  

- Bem velhinhas, as raízes do meu sítio…

Sou suspeito, de facto, quando afirmo que a minha terra é linda de ver; bonita e airosa espraia-se por encostas suaves até à margem direita do rio Alva – dos pontos mais elevados, as vistas para a Serra do Açor são soberbas!

Para que conste: MARCHA DO BARRIL DE ALVA:

 Refrão

“Esta marcha vai / Na rua a passar / No Barri de Alva / Toda a gente sai / Para a ouvir cantar / Cantai raparigas / Que as vossas cantigas / É que vão ganhar / Toda a gente canta / A todos espanta / Porque é popular”

“Tanto no Casal do Baixo / Como no Casal de Cima / Toda a gente se quer bem
E toda a gente se estima / Se alguém te quiser mal / Não tens nada que temer /Pois lá tens o regedor / Que te ha de defender”. 

Como se explica esta “estranha coincidência”? No documento que existe nos arquivos da Casa/Museu do Barril de Alva, está escrito que o famoso cantor João Maria Tudela é o autor da “Marcha”, letra e música, “… oferecida ao saudoso António Silvestre, vindo de Lourenço Marques (atual Maputo)”!

Quem foi António Silvestre? Nascido no Barril de Alva, ”emigrou” para Moçambiqe, onde fundou  a Cervejaria Coimbra, sem sombra de dúvidas, uma das melhores casas do género de Lourenço Marques!  

 …Quero acreditar que os direitos autorais da “Marcha” são devidos a Ana Paula e a Ramos Pinto, e acredito que João Maria Tudela tenha sido cliente da Cervejaria Coimbra e amigo privilegiado do meu conterrâneo António Silvestre.

Como acontece com os grandes “hits” musicais, a marcha do “nosso” Bairro, depois do sucesso obtido em Lourenço Marques, com ligeiras adaptações, alcançou êxito nesta pequena aldeia da Beira Serra,  “plantada à beira do rio Alva”.

Por cá, agora, pouco se ouve  “A Marcha do Barril de Alva” – quem (ainda) canta a preceito é uma jovem do meu tempo – a Fernanda Castanheira!

O tempo passa. As coisas mudam – tinha razão o meu antigo vizinho João de Sousa.

1946 - Marcha da Malhangalene nas festas de Lourenço Marques
 https://delagoabayworld.wordpress.com/2013/10/16/a-marcha-da-malhangalene-em-lourenco-marques-1946/
*
Foto da Cervejaria Coimbra: https://housesofmaputo.blogspot.com/2015/08/estamines-antigos-com-reclames-10.html



sexta-feira, 7 de março de 2025

"Olá sobrinhos"



Depois da descolonização, a maioria dos "retornados" manteve-se na região de Lisboa na tentativa de recomeçar uma nova vida.
Alguns profissionais da Comunicação Social de Angola e Moçambique "bateram" à porta dos jornais da época, outros deram vida a novos títulos: "O Retornado", "Notícia", "Tribuna", "Telex", etc - recordo estes por ter participado na "aventura" dos quatro”, além de outras “aventuras” anteriores, como militar e elemento da Ação Psicológica: “A Gazela” (Inhambane), “A Voz do 20” e “Kuambone” (Vila Cabral, Niassa).
Em 1974 residia na cidade de João Belo, Distrito de Gaza, Moçambique, era Gerente Comercial e correspondente regional do jornal “Diário”, de Lourenço Marques.
Regressei a Portugal em 1975, com mulher e filhos, sem fortuna nem emprego - as circunstâncias fizeram de um sujeito que escrevia com algum saber e jeito”... jornalista profissional!

- A “sorte protege os audazes”… quando mestres como Roby Amorim, João Carreira Bom, José Mensurado, Arthur Ligne e outros nos ensinam os segredos de uma apaioxonante profissão, exercida durante mais de vinte anos!
*
Na “Tribuna” fui chefe da redação e coordenador de várias secções, uma delas dirigida aos mais novos, intitulada "OLÁ SOBRINHOS", que me deu prazer redobrado por ser pai de três maravilhosas crianças - não é de admirar, pois, que tenha publicado na edição da “Tribuna” de 29 de setembro de 1976 um arranjo fotográfico dos meus filhos, que eram - e continuam a ser, agora em número de cinco! – todo o meu enlevo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

A Casa Vilaça



Um amigo, a propósito do repiso de algumas memórias e das estórias que construo a partir das ditas, afiançou que “sofro de uma doença sem cura” - respondi com um sorriso seguido de palavras que tinha na ponta da língua:

 - Ah, mas é uma “doença boa” e tem cura…

... basta o placebo de qualquer coisa - pessoas e lugares, os Night Stars e os Corsários,  o Zambi e os Velhos Colonos, os colégios Marques Agostinho e Camões, calças à boca de sino e minissaias, paisagens de céu e mar, flores e florestas, borboletas e elefantes, marimbeiros de Zavala e pescadores de Homoine, o   John Orr's, a Casa Vilaça e outras “vidas” passadas, e curo a nostalgia dos tempos em que, naturalmente, sendo jovem, sonhava com  a Pedra Filosofal , “…coisa muito desejada mas impossível de atingir”.

Cito de passagem, mas sem ser por acaso, a Casa Vilaça, em Lourenço Marques, pela importância da descoberta de um mundo novo, do qual faziam parte cristais Lalique, Daum, Baccarat, porcelanas Vista Alegre, Limoges, Sévre e Capodimonte, as miniaturas Dinky Toys,   Matchbox … e outras marcas internacionais de renome  que “tratei por tu”, mas com delicadeza no trato quando decorava os escaparates do estabelecimento ao melhor estilo do que se via na Europa, segundo os valiosos  ensinamentos do “tutor” Vilaça.

…Na ausência de algumas valências físicas, para que a (minha) memória não se apague, conto estórias - é um santo remédio para curar a minha doença que, segundo um dos meus amigos, não tem cura – mas tem, como se “vê”!

*

 Imagens do site THE  DELAGOA  BY WORLD, surripiadas com a devida vénia - https://delagoabayworld.wordpress.com/2012/05/01/ver-as-montras-em-lourenco-marques-e-a-casa-vilaca-anos-1960/


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

“A Bola” de Carlos Pinhão e Nuno Ferrari - e de outros mestres – faz anos!

 


A Bola foi o “meu jornal” de eleição durante os anos sessenta e o jornalista Carlos Pinhão  espécie de “guru” na arte de “escrever direito por linhas tortas” (refiro-me aos tempos da censura …).

-A Bola  foi e continua a ser o “meu jornal”!

Junto a excelência dos textos de Carlos Pinhão ao génio do fotógrafo Nuno Ferrari e, com facilidade, regresso aos anos sessenta, em Lourenço Marques, com memórias importantes da minha adolescência - sempre com a presença da ”Bola” e do “meu Benfica” que, na época dourada daquele tempo, “enfeitiçou” milhões de portugueses graças aos xicuembos do Costa Pereira, do Coluna, do Eusébio, moçambicanos de gema.

Carlos Pinhão “fez de mim” aprendiz da arte de que era mestre – durante trinta anos dei sentido ao prazer da escrita em diversas publicações…

A Bola com as suas reportagens, transformou  simpatia em “paixão” pelo Benfica - fui atleta júnior do Sport Lourenço Marques e Benfica…

É por isso que “Sou do Benfica /e isso me envaidece…”

 - E sou da “Bola” –“… um clube (jornal) lutador/que na luta com fervor/nunca encontrou rival/neste nosso Portugal…”.

Vida longa ao jornal A Bola.

domingo, 26 de janeiro de 2025

Casa Pia /Benfica - "o jogo da dança"

 “Sem pernas” para correr mais, “sem cabeça” para discernir o melhor passe, inventar a “jogada perfeita”, os atletas, às tantas, ficaram atordoados pelo cansaço do corpo e da alma

Foto: Sport Lisboa e Benfica

Não vi o jogo entre o Casa Pia e o Benfica, mas ouvi o relato: o repórter e os analistas roçavam o anúncio da “desgraça”, como acabou por acontecer...
Os benfiquistas “mais suaves”, como eu, entristeceram com a derrota – a páginas tantas, durante o jogo, se calhar também fizeram como eu e mudaram de canal…
No fim do encontro espreitei “A Bola” - se estava “febril”, “adoeci de vez “.
Esta manhã li (quase) tudo sobre a “desgraça” e não dei conta (?) de alguém entendido na matéria recordar o “jogão” com o Barcelona – tanta luta pela vitória teve custos elevados… e os juros foram “pagos à cabeça”!
“Sem pernas” para correr mais, “sem cabeça” para discernir o melhor passe, inventar a “jogada perfeita”, os atletas, às tantas, ficaram atordoados pelo cansaço do corpo e da alma. De quem é a culpa? Do Barcelona, pois claro…
Como li algures,“… uma vez começadas, as batalhas raramente seguem o guião que os estrategos traçaram para elas”. Foi o que aconteceu com o Bruno Lage.
Nem sempre as “batalhas de Aljubarrota” são vencidas pelos Tugas deste tempo.

sábado, 25 de janeiro de 2025

Eu, o “Bello”e os meninos da escola



Quando os meninos (quase) crescidos brincam, dizem e fazem coisas, muitas coisas.
… E falam alto - por vezes atiram “piropos” a quem passa para lá do gradeamento do recinto da escola…
…E riem muito, com o sonoro das falas a crescer nas gargantas.
As conversas misturadas com os risos são uma galhofa contagiosa.
Aparentemente, naquele dia, os meninos estavam “felizes”...
Um deles alertou o grupo:
- Olha um cão!
De imediato, outro menino (quase crescido), afinado na sonoridade da voz, acrescentou:
- ... velho como o dono!
O dono do cão concordou:
- Tens toda a razão, nunca disseste coisa mais acertada!
O menino (quase) crescido que alertou o grupo, questionou o dono do cão:
- Que idade tem o cão?
O dono descansou a trela do cão e, delicadamente, respondeu:
- Quase dezassete – mas eu tenho um bocadinho mais!…

Fez-se silêncio no grupo dos meninos da escola!

…Eu e o “Bello”, o cão, continuámos o nosso passeio aconchegados pelo silêncio que “soprava” do banco corrido onde os meninos (quase) crescidos sentavam os fundilhos das calças.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Com o patrocínio da Filarmónica Barrilense e Café Nobre

 


 - Visitar o ZOO

A imagem está relacionada com uma visita ao Jardim Zoológico de Lisboa de algumas das nossas crianças e familiares, com o patrocínio da Filarmónica Barrilense e Café Nobre.

Obviamente, tratou-se de uma viagem de “sonho” para quem foi conhecer “ao vivo” animais que não fazem parte da fauna europeia…

Antes do regresso, piquenicámos num frondoso bosque em ambiente familiar.

Para que o texto receba “alguma luz” de memórias mais frescas (a minha “deixou de ser o que era” e o Zé Manel Nobre, amigo e parceiro de "outras vidas", infelizmente já não está entre nós para, entre dois dedos de conversa, recordarmos os tempos do Colégio Alves Mendes, os jogos do Benfica, as questiúnculas políticas partidárias, e esta viagem solidária..),  recorro  aos meninos daquele tempo  que identifico com facilidade: Zé Pedro e Augusto.

- Em que mês e ano foi o passeio?   E os outros companheiros de viagem, lembram-se dos seus nomes?

*

Aproveito a boleia para outro desafio “histórico”: quem tem memória da equipa de atletismo da nossa Filarmónica? O treinador, que vinha de Coimbra, se bem me recordo, falava de “futuros campeões…”, como o Nuno  (…).

 

 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Coja ao "sol de Inverno"

 

O primeiro dia de 2025, no Parque Verde do Prado, foi ponto de encontro de excelência: os “crescidos”, vindos de fora, faziam conversas de roda, sorridentes; os mais “pequenos”, “donos do lugar”, transformaram o sítio num modelo de ginásio:

- corridinhas e “cavalinhos” com as bicicletas, toques na bola, "voos acrobáticos" nos baloiços, "queda livre" nos escorregas, e um deles, naturalmente vaidoso com a sua “viatura”, fez-se passear num  mini veículo motorizado, com escape e tudo!...

Como recebi um convite da Rita e do Tiago para um pequeno passeio ao “sol de inverno”, muito bem acompanhados pelo Davi com a sua bicicleta, e pelo Lucas, “dez reis de gente”, no “seu BMW” com suspensão e tudo! - disse a Rita -, não me fiz rogado e aproveitei o ocasião para receber  “saborosos miminhos”...

Tenho especial apreço pelo Parque do Prado - vénia aos “teimosos” responsáveis autárquicos pela perseverança em dotar Coja de um magnifico espaço multiusos (quase) único no concelho.

A Princesa do Alva merece  esta  “sala de visitas”!