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Largo do Minho - foto retirada da internet com a devida vénia |
A cidade de Lourenço Marques, traçada com mestria a régua e esquadro, cresceu de forma ordenada; cada bairro tinha características específicas, como era o caso da Malhangalene, que se destacava de todos os outros pela dinâmica associativa de várias coletividades, com realce para o Clube que lhe emprestou o nome.
O Largo do Minho, para os mais novos, pelo parque infantil, era o “coração” do bairro e ponto de encontro dos adolescentes, principalmente dos que dispunham das populares motorizadas da marca “ONDA 50”.
Naturalmente, as meninas mais crescidas e bonitas que moravam no Bairro (e arredores) "atraiam" os galanteadores… motorizados. Que eram muitos e barulhentos!
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Estávamos em 1961/2. Aulas durante a semana, ao domingo frequentava a JOC, ia à Missa e, de vez em quando, treinava futebol no 1º de Maio - não era o “meu” Benfica – aconteceu mais tarde – mas como vestiam camisola vermelha, era como se fosse…
Certo dia, no Largo do Minho, conheci a Amélia. Era maneirinha, alegre, de rosto bonito e sorriso contagiante. Morava com os pais no rés-do-chão de uma vivenda no começo da Rua da Guarda, e no primeiro andar, residia a família do Carlos Silva "Canguru", que tocava bateria e foi elemento de destaque dos "meus" Night Stars .
Durante uns tempos "passava" pela Rua da Guarda com mais frequência. A pretexto dos ensaios do meu novo amigo Carlos, fazia “olhinhos” à simpática Amélia - ela do lado de dentro do quintal, os amigos no lado de fora, no passeio; as conversas de ocasião eram puro entretenimento e eu, confesso, tentava disfarçar a minha leve paixoneta…
Como a memória não dá para mais, recordo o meu “desgosto” quando soube que a “minha quase/paixão” namoriscava um jogador de hóquei do Malhangalene, a quem tratavam por “Catrapaz”!
(Uff... um jogador de hóquei em patins usa um “stick” no jogo! Nas mãos de um namorado ciumento pode ser uma autêntica “arma de arremesso”!)
...
-Ainda bem que não me atrevi a entregar à Amélia um cartão com uns certos dizeres, ao estilo do “Namoro”, poema de Viriato da Cruz “ com música de Sérgio Godinho:
“(…) Mandei-lhe um cartão
que o Maninjo tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou (…)"
Certamente a Amélia também dobrava o canto do “NÃO” - e o “Catrapaz” ? Pois... exsitia mesmo?
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