quinta-feira, 17 de maio de 2018

Sem jeito nem força, mas com imaginação


Apesar de pequenote e franzino, com oito, nove anos de idade, tinha (alguns) gostos bem definidos, como “ser do Benfica”  nos futebóis jogados no largo da escola, ou no olival do Vale Poleireiro …
Vá lá saber-se qual a força maior que me levou à paixão pelo jogo da bola e pelo clube da camisola vermelha, a ponto de, aos domingos à tarde, de livre vontade, ficar “encarcerado” numa sala a ouvir o relato do “meu” Benfica, concentrado no jogo como se estivesse no estádio – e estava, mas no “estádio” que recreei na ardósia que usava na escola.
Sendo retangular, a “pedra” era o recinto de jogo onde desenhava as balizas e outros pontos de referência. Atento ao relato, imaginava as jogadas e, com  o lápis,  seguia o percurso da bola. A “visão” que tinha do jogo era tão “perfeita” que, à segunda-feira, discutia com os colegas da escola os pormenores dos golos, quando os havia…
Partilhei os “estádios” da minha ardósia, largos e outros campinhos de ocasião da aldeia durante dois anos; depois fui “transferido” para o então liceu D. João III, em Coimbra. Perto, havia (e há) um campo a sério, o Santa Cruz, espécie de amor de perdição da malta sempre que havia uma “borla”, fuga às aulas, ou depois delas. Foi no Santa Cruz que me transformei em “futebolista”, dos que correm mais  do que a bola!
Anos depois, já adolescente, em Lourenço Marques, passei a jogar a sério no “meu” Benfica… de lá. O emblema era igualzinho ao de Lisboa, a camisola tinha a mesma cor, mas… não era a mesma coisa.
Depois dos jogos, um sumo e uma sandes – não era nada mau!
… Mas o que fez com que tivesse “passado ao lado de uma grande carreira futebolística” foi a falta de jeito para as fintas e a ausência de força no chuto. Mesmo assim, uma vez marquei um golo. Foi cá uma festa…


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