Apesar
de pequenote e franzino, com oito, nove anos de idade, tinha (alguns) gostos
bem definidos, como “ser do Benfica” nos
futebóis jogados no largo da escola, ou no olival do Vale Poleireiro …
Vá
lá saber-se qual a força maior que me levou à paixão pelo jogo da bola e pelo
clube da camisola vermelha, a ponto de, aos domingos à tarde, de livre vontade,
ficar “encarcerado” numa sala a ouvir o relato do “meu” Benfica, concentrado no
jogo como se estivesse no estádio – e estava, mas no “estádio” que recreei na
ardósia que usava na escola.
Sendo
retangular, a “pedra” era o recinto de jogo onde desenhava as balizas e outros
pontos de referência. Atento ao relato, imaginava as jogadas e, com o lápis, seguia o percurso da bola. A “visão” que
tinha do jogo era tão “perfeita” que, à segunda-feira, discutia com os colegas
da escola os pormenores dos golos, quando os havia…
Partilhei
os “estádios” da minha ardósia, largos e outros campinhos de ocasião da aldeia durante
dois anos; depois fui “transferido” para o então liceu D. João III, em Coimbra.
Perto, havia (e há) um campo a sério, o Santa Cruz, espécie de amor de perdição
da malta sempre que havia uma “borla”, fuga às aulas, ou depois delas. Foi no
Santa Cruz que me transformei em “futebolista”, dos que correm mais do que a bola!
Anos
depois, já adolescente, em Lourenço Marques, passei a jogar a sério no “meu”
Benfica… de lá. O emblema era igualzinho ao de Lisboa, a camisola tinha a mesma
cor, mas… não era a mesma coisa.
Depois
dos jogos, um sumo e uma sandes – não era nada mau!
…
Mas o que fez com que tivesse “passado ao lado de uma grande carreira futebolística”
foi a falta de jeito para as fintas e a ausência de força no chuto. Mesmo
assim, uma vez marquei um golo. Foi cá uma festa…
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