terça-feira, 1 de outubro de 2024

Placebo para a nostalgia


Houve uma conversa de ocasião sobre velhice com um prestador de serviços, 
gentil e assertivo como sempre.
Sobre a minha vetusta idade e o futuro 
- esse desconhecido com maus presságios, medos e inseguranças de quem se “preocupa” com o amanhã sonhando outonos… como se fossem de primavera – 
o parceiro da tarde foi redondo no truísmo, ao estilo de La Palisse:
-Você está velho – nota-se no que escreve, sempre o passado, o passado… e as pessoas estão-se marimbando para o passado (…).

Respondi de supetão, sorrindo:
- Sim, estou (quase) velho, assumo, o que me alegra, apesar de algumas aflições, próprias do grau e qualidade de qualquer ancião.
Se a memória não me falha, citei Gabriel Garcia Márquez, que escreveu sobre o avanço da idade no homem maduro:
- "...as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e continuamos a ver-nos de dentro como sempre tínhamos sido, mas os outros vêem-nos por fora...".
Pois, é isso – o (meu) “espelho é traiçoeiro”!
*
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o envelhecimento é classificado em quatro estágios:
 
-Meia-idade: 45 a 59 anos
-Idoso(a): 60 a 74 anos
-Ancião: 75 a 90 anos
-Velhice extrema a partir dos 90 anos
 
Portanto, faço parte do grupo de anciãos com direito a alguns privilégios, de acordo com PRINCÍPIOS DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AS PESSOAS IDOSAS:
(…) 8 - Os idosos devem ser tratados de forma justa, independentemente da sua idade, género, origem racial ou étnica, deficiência ou outra condição, e ser valorizados independentemente da sua contribuição económica. (https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/princ-pessoasidosas.pdf)
- É pedir muito?
*
“-Você está velho – nota-se no que escreve, sempre o passado, o passado(…).
De facto, quando alinhavo venturas e desventuras de “ontem”, as estórias de trazer por casa são um placebo para a nostalgia, que é um sentimento sublime – será?
… Estou mesmo a ficar velhote.

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