domingo, 3 de abril de 2016

Isabel "tente-não-caias"


O RiTuAL  encerrava   às  duas da madrugada.
Àquela hora, a Isabel, de nacionalidade belga, e uma amiga, de nacionalidade holandesa,   escolheram uma mesa de canto.
- Vamos fechar, disse eu.
- É só uma cerveja, disse a Isabel.
- Um cocktail,  disse a amiga da Isabel.
O taberneiro sugeriu a  cerveja, servida no copo característico, e sobre as "misturas" falou das suas invenções. A amiga da Isabel preferiu  outro composto: vinho tinto aquecido, rodela de laranja, um pouco de canela e uma pitada de cravinho - de fácil preparo, acrescentou.
Intragável - pensei calado...
Vieram as bebidas e a Isabel, sorridente e bem disposta, sugeriu que provasse a mistela, o que fiz por simpatia.
Para o meu palato, simplesmente horrível!...
Não dei parte de fraco, corri à copa e bebi um enorme copo de água!
A noite ia alta.
Depois de saborear com deleite a beberagem, a amiga da Isabel pagou a conta e saiu.
A Isabel ficou no mesmo lugar, mas à segunda cerveja, decidiu-se pelo balcão e por ali ficámos em amena cavaqueira. Os dois, sem público, "possivelmente,  no melhor local para o aconchego de uma boa conversa em ambiente a condizer"...
Procurei ser bom ouvinte de estórias intermináveis, sem comentários: era a noite de "todos" os desabafos!
Veio outra cerveja, e outra, e outra...
Dialogámos  sobre terras do "fim do mundo", de viagens feitas, de sítios que "adorávamos conhecer", de amores e desamores...
A Isabel deixou de olhar de frente, e quando voltou a fazê-lo, trazia os olhos molhados, não sorria, como sempre faz...
Concluímos que o momento era o menos próprio para recordações que se querem esquecidas. Para sempre!
A Isabel, tente não caias, pagou a conta e saiu tente não caias.
Eram quatro da madrugada.
E o RiTuAL adormeceu.
-
O.H. 2007

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