O RiTuAL encerrava às duas da madrugada.
Àquela hora, a Isabel, de nacionalidade belga, e uma amiga, de nacionalidade holandesa, escolheram uma mesa de canto.
- Vamos fechar, disse eu.
- É só uma cerveja, disse a Isabel.
- Um cocktail, disse a amiga
da Isabel.
O taberneiro sugeriu a
cerveja, servida no copo característico, e sobre as "misturas"
falou das suas invenções. A amiga da Isabel preferiu outro composto:
vinho tinto aquecido, rodela de laranja, um pouco de canela e uma pitada de cravinho
- de fácil preparo, acrescentou.
Intragável - pensei
calado...
Vieram as bebidas e a Isabel,
sorridente e bem disposta, sugeriu que provasse a mistela, o que fiz por
simpatia.
Para o meu palato, simplesmente
horrível!...
Não dei parte de fraco, corri à
copa e bebi um enorme copo de água!
A noite ia alta.
Depois de saborear com deleite a
beberagem, a amiga da Isabel pagou a conta e saiu.
A Isabel ficou no mesmo lugar,
mas à segunda cerveja, decidiu-se pelo balcão e por ali ficámos em amena
cavaqueira. Os dois, sem público, "possivelmente, no melhor local para o aconchego de uma boa conversa em ambiente a condizer"...
Procurei ser bom ouvinte de
estórias intermináveis, sem comentários: era a noite de "todos" os
desabafos!
Veio outra cerveja, e outra, e outra...
Dialogámos sobre terras do
"fim do mundo", de viagens feitas, de sítios que "adorávamos
conhecer", de amores e desamores...
A Isabel deixou de olhar de
frente, e quando voltou a fazê-lo, trazia os olhos molhados, não sorria, como
sempre faz...
Concluímos que o momento era o
menos próprio para recordações que se querem esquecidas. Para sempre!
A Isabel, tente não caias, pagou
a conta e saiu tente não caias.
Eram quatro da madrugada.E o RiTuAL adormeceu.
-
O.H. 2007
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