sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

"Cinderelas"



Uma das prerrogativas de quem guarda memórias é ter saudade de qualquer coisa, de alguém, de um tempo. Se ouço um fado de Coimbra – um que seja - tenho saudade das serenatas que, durante um ano letivo, me libertavam do sono, noite após noite, porque tive a sorte de morar num apartamento paredes-meias com uma "república" feminina – era por elas, as residentes do segundo andar, que os estudantes faziam trinar as cordas das guitarras e sobressair as vozes potentes, entoando melodias românticas: eles, “perdidamente apaixonados”; elas, “…bate, bate coração/ louco, louco de ilusão…”, quais Cinderelas que o Carlos Paião havia de imortalizar anos mais tarde.
Algumas pessoas, como o Paião, deviam ser eternas, não pelas memórias que guardamos de si, mas “vivinhas da silva”, em carne e osso, para podermos, nós e as gerações seguintes, usufruir do seu talento.

(Imagem surrrupiada da net,com a devida vénia...)

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