sexta-feira, 7 de abril de 2017

Sinalzinho de trazer por casa

As pessoas mais chegadas, nos últimos tempos, iam dizendo
- mostra ao médico esse sinalzinho que tens na cara, já mostraste?
Respondia
- não, o sinalzinho é de estimação - atalhava, com o meio sorriso de quem está sem preocupação de maior.
Como o sinalzinho estava implantado junto à orelha, certo dia a escova de cabelo deu-lhe um "chega para lá" e ele, o sinalzinho, não gostou...
Ferido na honra, o sinalzinho nunca mais voltou ao que era antes, sossegado, arrumado. Uma lágrima de Betadine e pronto - cogitava, cioso do meu sinalzinho de trazer por casa.
Para o Doutor Gama, era um não assunto, "mas para ficar descansado vou marcar uma consulta num dermatologista". Chegou a confirmação da consulta, sim, para noventa dias depois!
... Até que entra em cena o "anjo da guarda" que dá pelo nome de Carla, a enfermeira (...) que se assume de corpo inteiro à arte sublime de cuidar do seu semelhante pelo gosto de gostar da sua profissão (...),
Primeiro a Carla, "anjo da guarda", depois o Doutor Eufrásio, o mestre, batizaram o meu sinalzinho com nome de "gente importante": Basalioma!
Importante, era - por ser chato. Só isso!
Depois dos indispensáveis procedimentos, na última segunda feira, no IPO de Coimbra, o meu sinalzinho entregou a alma ao criador - e foi muito bem feito: onde é que "já se viu" um simples sinalzinho dar ares de importante?
Agora, quem avista o penso que resguarda o local onde estava implantado o meu sinalzinho, questiona com riso malandro:
- "Arranjaste namorada com temperamento fogoso, "sem nenhum tipo de frescura" (ler com sotaque brazuca), ou quê?
- Ou quê - respondo!


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