No Bairro da Malhangalene, em Lourenço Marques, aquele tempo das ”loucas”
paixões musicais dos anos sessenta fez de muitos adolescentes verdadeiros artífices na “arte de sonhar”, seguindo determinados mestres,
como Hank Marvin,
solista dos Shadows, John
Lennon e Paul McCartney, dos Beatles, Mick Jagger dos
Rolling Stones… e muitos outros, como o “rei” Elvis Presley, e a “especial”
adolescente irrequieta que dava pelo nome de Joan Baez,..
Lourenço
Marques vibrava com os "CORSÁRIOS"
e os "NIGHT STARS", grupos
com elementos talentosos e populares na juventude laurentina – a minha preferência
ia direitinha para as “estrelas da noite”
Mário Ferreira, na guitarra, Carlos “Canguru”,
na bateria, e para a voz do fantástico Bob Woodstock – o "Chubby
Checker moçambicano"!
É neste
“mundo maravilhoso” que alguns sonhadores, mas “bons rapazes”, bem diferentes no
porte e nas ideias dos populares Irmãos Metralhas dos desenhos aos
quadradinhos, batizam com o mesmo nome dos “malandros” da banda desenhada o seu recém-criado conjunto musical. Nasciam os “METRALHAS”!
O grupo dos "aspirantes" a músicos era composto por “Vítor Moreira (viola
baixo),Vítor Saúde (viola solo), Palhota (viola ritmo), Galinha (bateria) e Baião (vocalista), mas nunca
concretizado - apenas as violas foram
parcialmente fabricadas na carpintaria da Escola Industrial pelo Castanheira.
Mais tarde, a sede dos METRALHAS foi inaugurada na garagem da casa do Vítor
Saúde” – texto retirado da página do facebook,
que os saudosistas mantêm viva,
embora desatualizada, fruto das contingências da vida.
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Inauguração da sede dos "METRALHAS"
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Enquanto grupo de jovens músicos, nada mais a acresecntar: "morto à nascença", os amigos METRALHAS peremeneceram fieis ao sentimento dos afetos e, cada um por si,
passou a tocar outras músicas.
METRALHAS UMA VEZ, METRALHAS PARA SEMPRE !
O que me aproximou deste “grupo de bons rapazes” foi uma morena de olhos
azuis com nome “italianizado”, vizinha dos irmãos Zeca e Galinha, do Vítor
Saúde, do João, da Cuca e da Anabela Cordeiro, que era uma “miúda muito gira”, mas pouco dada a
conversas. A bem dizer, tocar um instrumento musical nunca foi o meu forte, daí
a minha ausência da essência dos “METRALHAS”, mas não da parte social dos
elementos do grupo que continuam “na
viagem”, como o João de Sousa, Henrique Batista, Vítor Moreira…
A saudade dos
que “partiram para parte incerta” faz
parte das nossas conversas durante ocasionais mas gratificantes convívios
familiares. Se tudo correr como previsto, em Maio próximo será o terceiro
encontro dos “METRALHAS” na Beira Serra, zona da minha residência.
Revisitar o
Piódão e a Fraga da Pena, conhecer a cidadela romana da Bobadela (Oliveira do
Hospital), a milenar Igreja Moçárabe de Lourosa e o Santuário de Nossa
Senhora das Preces (Aldeia das Dez), tomar o pequeno - almoço na Praça da “Princesa do Alva (Coja) e “descobrir” a história da minha aldeia através de
uma visita à Casa/Museu do Barril de
Alva (que já entrava no cadastro da
população do Reino de 1527 e foi a terra natal dos Fundadores dos Grandes
Armazéns do Chiado, em Lisboa), além do deslumbre das vistas da Serra do Açor… haverá “melhor programa” para oferecer aos meus irmãos do coração?
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Os "METRALHAS" e respetivas familias na Beira Serra A imagem dos "cokuanas" (homens) recorda a visita /surpresa de alguns de nós ao Zeca no seu aniversário, em Santarém |