Esta croniqueta, a que me proponho dar sentido e forma, começou a ser construída no
modo solidário e fraterno quando eu era adolescente em terras de Moçambique. Agora, crescido na idade, com mais de setenta primaveras sobre os ombros, frágeis como sempre foram, e liberto, como estou, dos juramentos de amor
à coisa pública, é tempo de retornar ao berço
da leitura de algumas das obras que fui somando nas prateleiras,
Havendo liberdade mental para o
entretenimento com os livros, em abono da verdade muito bem acompanhado (Miguel
Torga, Gabriel Garcia Márquez, Milan Kundera, José Rodrigues dos Santos e
outros), basta deixar ao pensamento a decisão suprema de ocupar os dias como
muito bem lhe aprouver.
Aqui chegado, ao dia seguinte das
eleições autárquicas, em consciência entendo ter cumprido o “destino”, na peugada
(de alguns) dos que me antecederam: à aldeia onde nasci deixo alguma coisa de
mim, sem memoriais de leituras que, de forma expressa, ou sob disfarce, fossem o
reflexo da essência da vaidade.
Diria que esta croniqueta tinha a “morte
anunciada” (do título Crónica de uma
morte anunciada / Gabriel Garcia Márquez).
Hoje,
de motu proprio, lúcida e consciente,
ela, a croniqueta, foi a enterrar e eu com ela, num sublime e inteligível ritual.
Quando “falecem” croniquetas
despretensiosas com pessoas dentro há rituais assim, de despedida…
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