terça-feira, 22 de julho de 2025

Memórias da "Sibéria"

 

Cervejaria Sibéria - rua do Porto, Lourenço Marques

Em 1962, além de estudar (colégio Marques Agostinho / Camões?) e dos primeiros passos como vitrinista na Casa Vilaça, joguei futebol nos juniores do Sport Lourenço Marques e Benfica. Nos fins-de-semana e tempos extra, havia a J.O.C. da Malhangalene (Juventude Operária Católica) e “OS METRALHAS” (espécie de clube “só” de rapazes ).
À “mão de semear”, na Rua do Porto, havia a Cervejaria Sibéria, onde eu e alguns amigos do bairro confraternizávamos ao redor da mesa com “Laurentinas”, Catembes, Tricofaites” e outras especialidades sem álcool, como os refrigerantes “Tombazana”, Ginger Ale, Coca Cola – água pouco, ou nada.
A casa onde morava ficava virada para a Mercearia Cordeiro, à distância de poucos metros da “Sibéria”.
Guardo memórias desse tempo, mas o grande “marco histórico” de 1962 (e dos convívios na “Sibéria”!) foi a vitória do Benfica sobre o Real Madrid por 5 -3! Pela segunda vez o “nosso” Benfica era campeão europeu!!!
Nesse dia, não havendo TV,  "vimos o jogo" através do relato da Enissora Nacional, muito bem acompanhados por  "loirinhas"  fresquinhas! 

 Estádio Olímpico de Amsterdão,na Holanda - 2 de Maio de 1962. 
Benfica,5 - Real Madrid, 3


Curiosidade
Na fachada do edifício da “Sibéria” existiam uns pequenos desenhos (?) alusivos aos profissionais da construção civil; depois do regresso à terra natal em 1975, tive a honra de conviver com o Dr, Fernando Vale, Maçom e fundador do Partido Socialista, o que me levou a uma “viagem” voluntária pelos caminhos dos Pedreiros Livres, termo que se refere à Maçonaria. 
Continuo na dúvida sobre os “desenhos” da Cervejaria “Sibéria” … 
O edifício da Escola Industrial de Lourenço Marques, em tempos idos, "(...) foi o maior templo maçónico em todo o espaço português e um dos maiores no Sul de África – é o que diz da História.


O tempo de todos os sonhos



terça-feira, 15 de julho de 2025

Um "fato novo"



Visitei o histórico de um blog moribundo e recuperei um texto sobre o Urtigal – coisas do meu agrado (tudo o que leio e escrevo sobre o Barril de Alva são “coisas” do meu agrado…).
Na altura, rematei a peça original com uma ideia poética e agora, depois de reler, ponderei se devia acrescentar mais umas linhas no mesmo estilo. Como a inspiração não abunda nesta tarde de terça-feira, pensei experimentar um “fato novo”, semelhante a outros em voga nos tempos de agora: cliquei na IA da Google e colei a tal “coisa do meu agrado”:

Junto da bica água cristalina
à corrente a caminho do Mondego
e faço do olhar mirante da paisagem
- como é belo o Urtigal !
 
“Gentilmente”, pedi a “alguém do outro lado” que completasse o texto. Segundos depois, “ofereceram-me” um poema catita, que segue, com a devida vénia ao “autor”:

Na sombra, junto à bica,
água cristalina escorre,
um murmúrio que me toca,
paz que a alma me socorre.
À corrente do Alva, ligeira,
sigo o curso, em pensamentos,
a caminho do Mondego.
E faço do olhar mirante fiel,
testemunha da beleza infinda
- um doce mel,
onde a vista se deleita e finda.
Ah, como é belo o Urtigal,
com seu verde que irradia,
um recanto quase irreal,
onde a natureza nos guia.

E é isto.
O "fato novo" não foi feito à minha medida... mas "serve-me"! Se o futuro é “isto”… quem sou eu para “contestar”? 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Natália - a flor...


 A planta estava moribunda num canto do jardim quando a encontrei. Era a única espécie  que restava do tempo da mãe Natália, que  tinha imensa “sorte” com as flores – era o que eu pensava: bastava um pequeno galho espetado num vaso e, era certo, daí a uns tempos o vaso ganhava outra vida,  mais colorida…


Como não tenho a mesma “sorte” da mãe Natália, levei anos (!!!) a recuperar esta plantinha –  repousar  o olhar nas florinhas amarelas era uma “necessidade”  emocional.

Ontem aconteceu o “milagre das flores” e a mãe Natália “era uma delas”…


quinta-feira, 3 de julho de 2025

- Dê aí uns rebuçados aos miúdos, depois pago…





Além do “Chiado” e do Talho Quaresma, a comunidade do Barril de Alva tinha à disposição outros estabelecimentos comerciais: a taberna do “ti Zé” Candosa, a mercearia do Coelho, os serviços do barbeiro António do Vale (regedor da terra), do tamanqueiro "ti" Albano e de um ferreiro.
Naquele tempo, além da indústria de madeiras, no Barril de Alva havia uma fábrica de bolos secos, propriedade de Joaquim Trindade, duas padarias e o João Abrantes dedicava-se ao fabrico de bonecos de papelão, utilizando moldes próprios.



Um outro espaço comercial, com negócio multifacetado, ao estilo do Chiado, pertencia ao José Valentim, pessoa de muitos saberes e ocupações - além do exercício da sua profissão, era membro ativo dos corpos sociais da Filarmónica e correspondente de jornais.
Junto ao seu estabelecimento,  no outro lado da rua, nos dias de folga jogava-se à “malha”. Os bancos da “esplanada” que se destacam na imagem, ficaram mais baixos depois dos vários arranjos na “avenida” mas, se “falassem”, contavam estórias sem fim, a condizer com a alegria de acertar com a malha no “fito” e dos copos do “tinto” do pipo, que tinha um torneia “sonora”:
-“Cherrrrrrrrrrrriii…”
Eu e outras crianças, da “esplanada”, apreciávamos o entretenimento dos homens.
Às vezes, um jogador pedia ao senhor José Valentim:
- Dê aí uns rebuçados aos miúdos, depois pago…