domingo, 7 de dezembro de 2025

Papillon

 "...Podia rebobinar “outros filmes” desse tempo em que  os sonhos tinham asas de condor e voavam"



A tarde deste sábado foi talhada à medida das minhas preferências outonais: chuva moderada e frio suportável lá fora, dentro de casa a lareira acesa – além do calor, o crepitar da lenha a arder é uma excelente companhia. É bom de ver que, num dia assim, uso o “fato dos octogenários”, de trazer por casa – prevenir é o melhor remédio, não estou nem um pouco interessado numa gripe,  das que aconselham uma ida às urgências da Unidade de Cuidados de Saúde Primários de Arganil, no mínimo.

Aconchegado o corpo, aproveito e alimento o espírito com música. Para começar Nat King Cole, figura indelével da minha adolescência, como Nana Mouskouri, por exemplo – roda a seguir, o LP está à espera de vez. Entretanto, passo a vista pelas  notícias do dia, desligo o portátil e ligo a TV – são tantas  as ofertas disponíveis mas  nenhuma seduz o meu estado de espírito, talvez um filme, quem sabe… talvez , talvez …

Leio o título :“Papillon”! Já vi o filme - conheço a história pela  leitura do livro, adquirido em 1970 (?) na Livraria  Académica, em Lourenço Marques,  a minha livraria preferida desde os verdes anos, quando a Mariana balconista me deu voltas  à cabeça. Foi na Académica que adquiri grande parte da obra de Alves Redol e de outros autores portugueses, alguns estrangeiros. Foi na Académica que descobri Mário de Sã Carneiro, autor de “Fim”, o poema que, vá lá saber-se  porquê , “mexeu”  com as minhas inseguranças existenciais…

Fico na TV e  revejo  a "fita",  baseada na autobiografia do condenado francês Henri Charrière . A história é dramática, pesada - não é um tipo de cinema do meu agrado, mas… “Pappilon” tem muito a ver com as memórias da minha adolescência. Podia rebobinar “outros filmes” desse tempo em que  os sonhos tinham asas de condor e voavam…


sábado, 6 de dezembro de 2025

Carlos Gouveia - um dos nossos!

  Anos atrás, no jornal "Correio da Beira Serra", assinei uma rubrica denominada "Figuras". Certo dia reencontrei um jovem conterrâneo, com origens no Barril de Alva e no Pinheirinho, como eu. Da conversa breve publiquei o "retrato escrito" do Carlos Gouveia - prometeu e cumpriu!

Vénia ao Carlos pela sua sensibilidade estética, como se verá em breve...



sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Olga Cardoso na Filarmónica Barrilense - gentilezas que não se esquecem

Lenita Gentil e Olga Cardoso
no sarau da SFB
                                                           


 A "amiga" Olga "viajou para parte incerta"


A Sociedade Filarmónica Barrilense comemorou o 101º aniversário nos dia 4 e 5 de novembro de 1995 com pompa e circunstância.
O multifacetado serão do dia 4, além da eleição da “MISS S.F.B.” juntou no palco as cantoras Manuela Bravo, Lenita Gentil e a grande senhora da Rádio, Olga Cardoso, desta vez como intérprete de duas canções inéditas: “O Último A Rir” e “ Bom Dia (Amor)”, single gravado no ano anterior, 1994.
A grandeza do espetáculo superlotou o enorme salão multiusos da coletividade.
Se a talentosa Manuela Bravo, na época, fazia parte da “família barrilense", a grande fadista Lenita Gentil era figura de proa, a que se juntava Olga Cardoso, a “amiga” Olga, que a Rádio Renascença popularizou, e mais tarde a TVI consagrou.
Olga Cardoso, naquela noite, fechou o espetáculo depois das duas horas da madrugada; no camarim, sem dar nota do incómodo pela longa espera, a dado passo manifestou o receio de “… as pessoas, às tantas vão para casa – é tão tarde!”.
Mal sabia a minha querida amiga Olga que o público (também) estava na festa… para a ouvir cantar, o que raramente acontecia!
Deve ser dito que, tarde na noite, Olga Cardoso foi a “grande vencedora” do magnifico serão, com o público de pé, manifestando-lhe carinho com a constância dos aplausos.
Naqueles tempos, os artistas de renome e outros menos conhecidos mas de reconhecido valor artístico que participavam nos espetáculos organizados pela Filarmónica Barrilense, prestavam os serviços profissionais “pro bono” (gratuitamente), dadas as circunstâncias da instituição necessitar de fundos para fazer face às despesas da manutenção das suas imponentes instalações - únicas ma região! - e aquisição de instrumentos.
As notícias da “viagem sem retorno” da “amiga Olga” citaram com pormenor as suas virtudes – faltou acentuar que Olga Cardoso era uma mulher solidária, de palavra franca e assertiva…
Como “Os Barrilenses são Assim”, ficava de mal com a minha consciência se não trouxesse a público esta “estória de trazer por casa” com a intenção de uma vénia a uma senhora que muito estimei e admirei.
- Obrigado, “amiga” Olga!
Carlos A. Ramos