Foi em Lourenço Marques
A
Livraria Académica fica “logo ali”, ao virar a esquina do Prédio Rubi, no
prédio em frente.
Perdi
o conto às visitas que fiz ao estabelecimento, na esperança de ser atendido
pela jovem Mariana dos cabelos compridos…
A
estratégia era simples: ”estava sempre necessitado” (?) de coisas simples, como
lápis, borrachas, papel cavalinho, aguarelas. Quando “esgotava” os artigos da
minha imaginação continuava cliente,
usando outra alternativa: entrava na loja e dirigia-me às estantes
onde repousavam obras de autores portugueses.
Habituada
à minha presença solitária. ela aproximava-se com meio sorriso condescendente,
como quem diz de si para si:
-“A mim não
me enganas tu”!...
Mais
perto, atenciosa e gentil, sempre sorridente, olhos nos olhos, perguntava:
-
Posso ajudar?
Poder,
podia, mas...
Eu respondia com um sorriso inteiro acompanhado de palavras de ocasião,
titubeantes.
Ela, sempre gentil.
Às
vezes comprava uma das obras expostas – “Fanga”,
de Alves Redol, foi o primeiro de muitos.
Se a
Mariana falasse do tempo que fazia lá fora, ou do single musical em voga,
talvez lhe dissesse que havia "outros gostos",
que nada tinham a ver com livros, lápis, borrachas, papel cavalinho,
aguarelas…
..........
-
Posso ajudar?
Sem asas para voar para outras conversas... talvez um lápis da "Viarco", um tubo de "tinta da China", uma folha de cartolina - na Livraria Académica "havia de tudo"!